
Circulação de pessoas e veículos volta a ganhar força pelo país

A circulação de veículos e de pessoas nas cidades brasileiras voltou a aumentar nesta semana, segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da In Loco, empresa de segurança de dados. Os números mostram que o distanciamento social pouco a pouco vai sendo relaxado pelos brasileiros.
Dados do Painel de Impacto do Coronavírus, criado pelo BID para ajudar os governos a formular políticas para enfrentar a pandemia, mostram que, no Brasil, a média de tráfego nas cidades estava 60% menor anteontem, dia 7, do que na média do período entre 1 e 7 de março, anterior às medidas de isolamento social. Esse percentual já foi maior, atingindo 69% em 31 de março, uma semana antes.
Quase todos os países da região monitorados pelo BID, com informações fornecidas pelo aplicativo Waze, apresentavam uma redução de tráfego maior que a brasileira anteontem. Na Argentina, a queda chegou a 80%, na Colômbia, a 86%, e, no Peru, a 90%.
Na região metropolitana de São Paulo, segundo o BID, a redução do tráfego chegou a 89% no dia 31 de março, uma semana depois do anúncio do isolamento pelo governo do Estado. Mas ontem esse percentual tinha cedido para 81%. Bogotá (94%), Lima (92%) e Buenos Aires (87%) tinham redução maior.
De acordo com informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, desde o início das regras de isolamento, o índice de congestionamento na cidade, ou seja, ocorrências com filas de carros maiores que 1 quilômetro, tem sido zero. Desde o dia 24 de março, houve três ocorrências em que filas de veículos dessa magnitude ou mais foram detectadas na cidade, mas causadas por acidentes. Os dados da CET não medem a quantidade de carros nas ruas, que de fato pode ter aumentado sem que isso provocasse congestionamentos.
No transporte público, a frequência de passageiros também aumentou. Segundo o BID, com base em dados do aplicativo Moovit, na terça-feira, houve queda de 62,6% no uso das redes de transporte na região metropolitana de São Paulo, ante 63,7% uma semana antes. Em Belo Horizonte, a frequência tinha caído apenas 51%, de 52,5% uma semana antes, uma das menores taxas do país. A título de comparação, capitais sul-americanas como Lima e Bogotá tiveram queda de 91% e 83% no uso do transporte público.
No município de São Paulo, a prefeitura colocou ontem mais 424 ônibus em circulação para evitar aglomerações. Com esse reforço, a frota nas ruas chegou a 53% do total usado em dias úteis. De acordo com a SPTrans, na terça-feira, dia 7, houve redução de 68% em relação aos 9 milhões de usuários por dia útil registrados antes da quarentena. Na terça-feira anterior, dia 31, a redução tinha sido maior, de 75%.
No Estado, a Secretaria de Transportes Metropolitanos informou que, no início desta semana, a queda de passageiros no Metrô chegou a 80% e, na CPTM, a 76%. Esses índices já foram maiores. Logo depois de o Estado e a prefeitura anunciarem as medidas de isolamento social, o recuo no número de passageiros chegou a 85% no Metrô e 83% na CPTM. Na EMTU, de ônibus intermunicipais, a queda chegou a 80% e agora está em 73%.
Segundo o secretário Alexandre Baldy, existe uma avaliação diária e por faixa de horário do movimento nas estações para evitar focos de aglomeração.
Sobre a circulação de pessoas, informações de geolocalização da In Loco, que usa dados de sensores presentes em 60 milhões de smartphones, como os de Wi-Fi e bluetooth, vão na mesma direção. O índice de isolamento social do Brasil – que mede o fluxo pelas cidades e Estados – caiu de 69,6% em 22 de março, quando chegou ao pico, para 50,7% em 6 de abril.
No Estado de São Paulo, o indicador chegou a quase 70% e na segunda-feira estava em 50,2%. Autoridades de saúde do Estado têm alertado que o isolamento tem que se manter acima de 70% para que o sistema de saúde não entre em colapso com o aumento súbito de casos do novo coronavírus. No dia 6, nenhum Estado tinha índice de isolamento acima de 57%.