
Defensor Público é inspirado por assistidos a peticionar em versos

O defensor público Fábio Liberalino da Nóbrega requereu em versos ao juiz da Comarca de Pilar (PB), distante a 64 quilômetros de João Pessoa, que impulsione uma ação de revisão de alimentos requerida há quatro anos pela menor L.R., representada por sua genitora.
“A requerente, Doutor, não pede nada de anormal. Somente que movimente a prestação jurisdicional. Impulsionando-se o feito, com despacho a contento. Para assim se revisar, valores de alimentos”, sintetizou Fábio, para lembrar : “Conforme escrito está na peça ainda em uso. Em junho do ano 12, fez-se o pedido augusto. Entramos no ano 16, junho chegou novamente. É de causar surpresa – processo ainda concluso.”
Ele atribuiu a inspiração à convivência há mais de trinta anos com o sofrimento de pessoas carentes e sedentas de justiça, que não têm condições de pagar a um advogado. E disse que decidiu peticionar em versos, após ser procurado pela parte e ficar irresignado com a demora na movimentação do processo.
Sua veia literária pulsante já rendeu outros 140 poemas que pretende reunir e publicar em um livro. Sobre a resposta do juiz, que se encontra de férias durante este mês de junho, acredita que pela competência e sapiência que o juiz tem, “pelo menos um despacho virá em verso”.
“Fábio Liberalino, que também é diretor financeiro da entidade, simboliza o sacerdócio exercido pela categoria através da dedicação de corpo e alma na assistência judiciária gratuita prestada aos mais necessitados, cuja sensibilidade é demonstrada através dessa arte de compor e escrever em versos”, destacou a presidente da Associação Paraibana dos Defensores Públicos, Madalena Abrantes.
Confira a petição/poema na íntegra :
A menor L.R., aqui bem representada,
Pela sua genitora, ambas já qualificadas
Requereu neste Juízo, a ação ora em comento,
Que cuida de um pedido – REVISÃO DE ALIMENTOS.
Já se passaram quatro anos, processo distribuído,
Não obteve resposta, daquilo que tinha pedido.
E, para que não fique, a marca da incerteza,
Vem pela Defensoria, rogar uma maior presteza.
Conforme escrito está na peça ainda em uso,
Em junho do ano 12, fez-se o pedido augusto.
Entramos no ano 16, junho chegou novamente.
É de causar surpresa – processo ainda concluso.
A requerente, Doutor, não pede nada de anormal.
Somente que movimente a prestação jurisdicional.
Impulsionando-se o feito, com despacho a contento.
Para assim se revisar, valores de alimentos.
O que precisa! É quase nada.
Por isso vem com vênia e respeito,
Pelo seu Defensor Público
Rogar um novo rumo ao feito.
Não custa nada pedir, atenda o nosso pedido,
Sacia a sede de justiça, de um povo tão sofrido,
Apenas um simples despacho,
“Cite-se, conforme requerido”.
Pedindo escusas pelos versos,
Que dá forma ao pedido
Espera ser acatado
Juntada e DEFERIDO.